Microcomputadores — lembranças do passado
Publicado em 05/04/2017
Em outro artigo, mencionei minha paixão pelos microcomputadores no início da década de 1980. Vou fazer agora um retrospecto das minhas lembranças daquela época.
Meu primeiro microcomputador foi um Apple ][, idêntico ao da foto abaixo. Duas coisas chamam a atenção: um aparelho de TV era usado como monitor de vídeo, e o dispositivo para leitura e gravação de programas era um gravador de fita cassete. Precisava muita paciência para localizar os programas, que eram gravados sequencialmente, e ajustar o tom correto para leitura do código, pois a saída do gravador era analógica.
Surgiram, então, os "drivers" para disco flexível (Floppy disks), inicialmente gigantescos, medindo 5 1/4", que aqui entre nós ficaram mais conhecidos como disquetes.
Os primeiros que usei eram os de Dupla Densidade, podendo armazenar 360 kB de dados. Essa capacidade de armazenamento pode parecer ridícula atualmente, mas era um assombro naquela época, pois o sistema operacional e programas eram também muito diminutos.
Por falar em sistema operacional, naquele tempo ainda não existia o MS-DOS. Para operar os enormes Drivers de disquetes, precisávamos instalar um sistema operacional para operação dos discos, que era o CP/M. Como esse sistema era incompatível com o microprocessador usado no Apple ][, o 6502, era preciso usar um hardware para fazer a adaptação: as placas CP/M.
A interface do CP/M, desenvolvido pela empresa Digital Research, era idêntica à que foi adotada pela Microsoft para seu sistema operacional de sucesso mundial, o MS-DOS. A trama de como a Microsoft foi bem sucedida com o MS-DOS, enquanto a Digital Research nunca conseguiu emplacar seu sistema sucessor do CP/M, o DR-DOS, é um dos capítulos mais emocionantes (e mal-cheirosos) da história da informática.
Nesta época, também já usávamos monitores de vídeo específicos para informática. Como ainda não havia nenhuma interface gráfica (GUI), as placas de vídeo eram também muito simples. As primeiras que usei, adotavam a tecnologia EGA, do inglês Enhanced Graphics Adapter, ou Adaptador Gráfico Melhorado, que de gráfico mesmo não tinha nada. Exibia apenas os caracteres da tabela Ascii, que podiam, entretanto, ser combinados de uma forma artística para simular imagens mais complexas, técnica denominada Ascii Art.
Os disquetes evoluíram para os de alta densidade uma face, com capacidade de 720 kB e os de dupla face, podendo armazenar até 1.2 MB. Observem, na foto acima, o pequeno chanfro na lateral do disquete. Os disquetes de dupla face, com capacidade de armazenamento maior e, portanto, mais caros, tinham chanfro de ambos os lados. Mas alguém descobriu que a mídia interna era a mesma, e apareceram pequenas maquininhas para cortar um chanfro extra nos disquetes de uma face, mais baratos.
Usei muito esta maquininha para economizar uns trocados e nunca tive nenhum problema ou perda de dados. Na falta da maquininha, a gente fazia o chanfro com a tesoura mesmo... Isso durou até o aparecimento dos disquetes de 3 1/2", com capacidade maior (1.44 MB), de uso mais prático, por serem de tamanho menor e acondicionados numa capa de plástico rígido, mais resistente e durável. Mas logo apareceu uma maquininha para perfurar orifícios dos dois lados deles, e continuamos a farra... tempos difíceis aqueles, das vacas magras...
No final da década de 1980, surgiram os computadores IBM-PC. O primeiro modelo que surgiu foi o XT, cuja grande novidade era a incorporação de uma unidade de disco rígido, o famoso HD. Os microcomputadores, então, começaram a se parecer com os desktops atuais, se bem que com capacidade incomensuravelmente inferior às máquinas modernas.
A partir do meu primeiro PC, começou uma verdadeira maratona de trocar de máquina todo ano, pois a evolução era muito rápida. Do XT para o AT, deste para o 386, depois o 486... e aí vieram os Pentium.
Sinto-me privilegiado, por ter acompanhado essa verdadeira revolução causada pelos computadores, cujo impacto na história da Humanidade ainda está por ser devidamente aquilatado.