Verdades Inconvenientes
Publicado em 21/08/2015
Há quase uma década atrás, foi produzido um documentário baseado na campanha do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, alertando para os riscos do aquecimento global.
O título é muito sugestivo, pois faz alusão àqueles assuntos de difícil solução, dos quais os governantes costumam fugir como o diabo da cruz, mas que precisarão ser encarados mais dia, menos dia.
Aqui no Brasil, não temos apenas uma, mas muitas verdades inconvenientes. Coisas que não rendem voto e, assim, vão sendo “empurradas com a barriga”, a espera de algum milagre.
Meu velho pai, e vou citá-lo muito neste blog, pois cada vez mais reconheço como ele era sábio, já lá se vão bem uns quarenta anos, alertava para o valor da água. Naquela época ninguém falava nisso e os que o ouviam davam aquele risinho complacente de quem ouve um despaupério.
Os anos se passaram e, cerca de 25 anos atrás, li um relatório da ONU alertando para a escassez de água potável no planeta. Já não era mais apenas um jornalista visionário do interior quem fazia o alerta, mas uma organização de crédito internacional, além de que o tal relatório era assinado por cientistas de renome.
Mais tempo se passou, e cá estamos nós às voltas com uma falta de água real, concreta, visível na Cantareira, no Alto Tietê, por toda a parte. Não só no Brasil, mas até na ensolarada e rica Califórnia.
Ainda há pouco tempo, violência urbana era coisa de “cidade grande”, mais evidente no Rio de Janeiro, depois em São Paulo… e foi se espalhando até chegar a todos os cantos, de norte a sul, de leste a oeste, deste nosso imenso Brasil. Não apenas nas cidades, mas até na zona rural.
Crimes brutais, hediondos, são cometidos por toda a parte e os governantes vão tocando seus violinos, com a mesma cantilena de sempre. Discussões infindáveis nas Casas Legislativas; medidas paliativas e claramente insuficientes para conter a violência tomadas pelas autoridades responsáveis pela segurança pública…
Poderia continuar citando outras dessas verdades que teimam em persistir, inconvenientemente, mas acho que já deu para demonstrar o cerne da questão. Quando a situação chega no ponto do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, há que se enfrentar o bicho.
Grandes problemas, como esses que exemplifiquei, não vão ser resolvidos atirando para todo o lado, correndo feito baratas tontas. É preciso um planejamento de longo prazo, muito bem feito, para ser cumprido não apenas por um, mas por muitos governos.
No Brasil, em todos os níveis da Administração Pública, é isso que está faltando: planejamento de longo prazo, ao invés dessas pseudo-metas eleitoreiras e imediatistas, que soam até incompreensíveis como nesta citação da Presidente da República:
Não vamos colocar uma meta: deixaremos em aberto e quando atingirmos ela, nós dobraremos a meta.
Qual o legado que deixaremos para nossos filhos e netos? Precisamos nos engajar no embate político para exigir que as verdades inconvenientes entrem em pauta.