Tolerância
Publicado em 21/10/2016
Muitas vezes tenho me perguntado como pudemos chegar ao ponto em que chegamos no Brasil, com tanta violência diária, tanta corrupção entre os que detêm o poder e deveriam exercê-lo em nome e para o bem do povo que os elegeu.
Minha conclusão é que, ao longo do tempo, fomos sendo muito lenientes com os pequenos delitos, deixando-os impunes e permitindo que se tornassem contumazes e corriqueiros, aumentando cada vez mais em volume e em gravidade, graças à um sentimento generalizado de impunidade.
Vocês conhecem a “teoria da vidraça”? É aquela que diz que se não substituirmos o vidro de uma vidraça quebrada, no dia seguinte todas as vidraças estarão estilhaçadas, como se aquela única vidraça deixada quebrada fosse um convite para que se quebrassem as demais.
Quando eu era mais jovem, havia muitos filmes policiais ambientados em Nova Iorque, caracterizando policiais corruptos convivendo com o crime num cenário extremamente violento do submundo das drogas. Naquela época, essa era, de fato, a triste realidade daquela grande metrópole norte-americana.
A situação agravou-se tanto, que no pleito eleitoral de 1993, Rudolph Giuliani, com uma campanha baseada fundamentalmente no combate ao crime, foi eleito prefeito com uma ampla margem de votos. O povo não aguentava mais!
Giuliani foi reeleito e governou Nova Iorque de 1994 a 2002. Durante seu governo, com a implementação de uma política de “tolerância zero”, houve um decréscimo de 57% nos crimes cometidos naquela cidade, e os assassinatos foram reduzidos na expressiva cifra de 65%.
Foi tamanho o sucesso, que a Polícia Federal dos Estados Unidos, o FBI, passou a considerar Nova Iorque a mais segura dentre as grandes cidades norte-americanas, e seu exemplo foi seguido por outras metrópoles ao redor do mundo civilizado.
O mérito da chamada “Operação Lava Jato” é inquestionável, já tendo posto na cadeia muitos “tubarões” do crime na alta esfera, e muitos outros estão com as “barbas de molho”, aguardando sua vez. Considero que a defesa da continuidade desse procedimento de limpeza é um imperativo para restituir o poder aos homens de bem. Um dever cívico de todos nós!
Mas é preciso ir além, buscando uma mudança comportamental de toda a sociedade. É fundamental acabar de vez com o famoso “jeitinho brasileiro”, a ignóbil “Lei de Gerson” precisa ser revogada e esquecida. Para isso são necessárias amplas campanhas de educação, principalmente junto às crianças.
Não podemos mais deixar as vidraças quebradas. Tolerância com as desigualdades é uma coisa louvável, mas para o crime, tolerância zero!