Saúde à venda

Publicado em 23/09/2015

Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue:

(…) Conservarei imaculada minha vida e minha arte (...)” (Trecho do “Juramento de Hipócrates”, feito pelos médicos, por ocasião de sua formatura, em que prometem exercer a medicina honestamente.)

Todos sabem que a saúde pública no Brasil está em situação caótica. Basta ir ao setor de atendimento de qualquer hospital, tirando aqueles dois de uso exclusivo de suas excelências, para constatar essa triste realidade.

A situação mais grave é a vivenciada no Distrito Federal, onde seu ex-governador, petista e médico, deixou em frangalhos os cofres do Erário, no limite do teto previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal e, portanto, incapacitado para efetuar novas contratações para suprir o enorme déficit de pessoal, uma vez que o decantado programa “Mais Médicos” do governo federal só serviu mesmo foi para beneficiar a ditadura cubana.

Pois bem, ao invés de responder pelo desmazelo de sua administração, aquele ilustre ex-governador foi agraciado com uma boquinha no Ministério da Saúde, onde ocupa um dos milhares de cargos comissionados, os quais nem se cogita cortar para colaborar com o esforço de recuperação fiscal das contas públicas.

No seu extenso programa de governo apresentado durante a campanha, o atual governador, Rodrigo Rollemberg, do PSB, firmou, entre outros, os seguintes compromissos na área da saúde:

Bom se fosse verdade... quantos desses compromissos foram cumpridos até agora?

E por falar no Ministério da Saúde, a última notícia é que a presidente da República, na sua busca desesperada por apoio político para aprovação das medidas que julga necessárias para se sustentar até o fim do mandato, concedeu a indicação de seu futuro ministro, nessa reforma de araque que se ensaia, ao seu “aliado" PMDB.

Assim é tratado um dos mais importantes ministérios, responsável por garantir o direito constitucional que todo o brasileiro tem de acesso à saúde: como moeda de troca! Quem acredita que serão tomadas as medidas necessárias para melhorar o panorama? Continuará tudo na mesma, ou pior.

Pulando da área pública para a privada, nem mesmo aqueles que podem arcar com os planos particulares, cada vez mais caros, estão a salvo. Recentemente, noticiou-se a falência da Unimed paulistana e o que vemos são seus usuários ao Deus dará. Nada além das ameaças da ANS e órgãos de defesa do consumidor, e o fato é que quem precisar de atendimento médico por este plano, está lascado.

Finalmente, com relação aos profissionais da área médica, para uma grande maioria o juramento cujo trecho reproduzi acima não passa de mera retórica.

Quem dá mais?

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