O Grande Golpe

Publicado em 05/10/2015

É só a imprensa divulgar uma nova maracutaia da nossa desonesta casta política, que lá vem algum arauto do "lulopetismo" acusá-la de golpismo. Basta a oposição denunciar os muitos crimes eleitorais cometidos pelos que estão no poder, para que sejam acusados de fomentar o golpe, querendo um terceiro turno.

Mas o que vem ocorrendo, de verdade, é um golpe muito bem engendrado, sub-reptício, ardiloso, orquestrado pelos próprios "lulopetistas", sob a batuta do seu "Grande Líder", contra as instituições democráticas do Brasil.

Uma coisa que não falta a esse pessoal é esperteza! Aprenderam muito bem a lição no episódio do "mensalão". Não foi à toa, que a lei que autoriza a chamada "delação premiada" foi sancionada pela atual presidente, cujo partido, aparentemente, teria tudo a perder com isso. Mas só aparentemente.

Quem recebeu a maior pena no processo do "mensalão" foi o operador do esquema, Marcos Valério. Estivesse em vigor a lei da delação premiada naquela época, sua pena com certeza teria sido substancialmente reduzida.

Sim, dirão alguns, mas em compensação ele teria denunciado os "chefões". Sim, retruco eu, e de que adiantaria isso? Não se consegue investigar o ex-presidente nem hoje, quando está por baixo, que dirá naquela ocasião, em que era praticamente idolatrado por uma grossa maioria do povo.

Mesmo denunciado por um dos delatores, a Polícia Federal teve que solicitar autorização do Supremo Tribunal Federal para ouví-lo, e aquela corte emitiu uma autorização, muito constrangida, para que o mesmo fosse intimado, mas sequer na condição de testemunha, senão como mero informante.

Ou seja, no "Petrolão", os operadores do esquema, cuja culpa é incontestável, estão se beneficiando de reduções substanciais da pena por conta da tal "delação premiada". O mesmo vale para as empresas envolvidas, com os "acordos de leniência", versão daquele instrumento para as pessoas jurídicas que, quando muito, pagarão, a título de multa, uma fração da fortuna que embolsaram.

Em outra frente, tramita no Congresso Nacional um projeto para "repatriação de recursos no exterior" que, se aprovado, abrirá as portas para a legalização de todo o dinheiro sujo que foi mandado para fora do País nessa última década. Melhor ainda, virá com o dólar super-valorizado, para alegria dos corruptos e corruptores.

Recentemente, nossa mais alta corte de justiça determinou o chamado "fatiamento" dos processos que vinham sendo exemplarmente conduzidos pelo incorruptível juiz Sérgio Moro, medida que só pode beneficiar os corruptos. Tanto assim que, tão logo foi aberto o precedente, os advogados correram a ingressar com petições para o desmembramento dos casos de seus clientes.

Depois de esgotar os argumentos na sua defesa do indefensável e ver suas contas na iminência de serem rejeitadas pela CGU, a Advocacia Geral da União ingressou com petição solicitando o afastamento do relator do processo, ministro Augusto Nader, por haver antecipado publicamente seu voto pela rejeição. Mais uma grande pizza a caminho do forno!

Pouco antes do "Dia da Pátria", em 5 de setembro, foi editado, por baixo dos panos, um Decreto transferindo para o ministro da defesa diversas competências até então à cargo dos Comandantes das três armas, de editar atos de administração do pessoal militar, tais como transferência para a reserva remunerada de oficiais superiores, intermediários e subalternos, reforma de oficiais da ativa e transferências para o exterior. Diante do descontentamento dos Comandantes, o governo anunciou que tudo se tratara de um equívoco, e retificou o Decreto poucos dias depois, em 10 de setembro, praticamente restabelecendo a situação anterior. Mas o recado estava dado. Para o bom entendedor, pingo é letra, diz o ditado.

Para encerrar, temos a reforma ministerial. O governo quis sinalizar austeridade, mas na verdade suas medidas nem arranham a pele do paquidérmico Estado brasileiro. Ficou até pior, pois ministérios de grande orçamento, como o da Saúde, foram despudoradamente oferecidos como moeda em troca da "fidelidade" do seu grande aliado, o PMDB.

Ademais, com a capitulação definitiva da criatura, o criador voltou a fincar os pés no Planalto, colocando em postos-chave lacaios de fidelidade canina, da sua mais irrestrita confiança.

Se tudo isso não for o maior golpe já perpetrado contra nossas Instituições democráticas, não sei o que seja golpe.

Todos são iguais perante a Lei, mas no Brasil, a Lei nem sempre é igual para todos.

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