João, 8-44
Publicado em 11/09/2015
Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.”
Os provérbios populares, na sua aparente ingenuidade, guardam os arcanos da sabedoria popular. Um deles, bem conhecido, diz que “a mentira tem pernas curtas”. Goebbels estava errado, uma mentira, repetida muitas vezes, não se transforma em verdade, mas apenas numa grande mentira.
Escrevi, há poucos dias, uma outra crônica intitulada “Déficit de Credibilidade”, onde aponto a prática reiterada dos últimos governos de dizer uma coisa e fazer outra, como causa primeira da falta absoluta de credibilidade que atinge o atual.
Agências internacionais de análise de risco para investimentos não se deixam levar por palavras, mas guiam-se apenas pela frieza dos números, livrando-se das falácias e “mi-mi-mis”. Foi assim que, em 2008, diante de um cenário favorável, deram ao Brasil esse “selo de bom pagador”, denominado grau de investimento; foi assim que o retiraram agora, recolocando-o entre os especuladores e potenciais caloteiros, como a Argentina.
Pois foi exatamente na Argentina, onde nosso ilustre ex-presidente participa, ironicamente, de um "Congresso Internacional de Responsabilidade Social", que no seu prolixo discurso afirmou que a recente decisão da S&P “não significa nada”, contrariando sua fala de 2008, quando chamou a mesma medida, no sentido inverso, de “vantagem extraordinária neste mundo globalizado”. Em qual ocasião estaria mentindo?
Não tenho a menor dúvida de que o rebaixamento do grau de investimento pela S&P, e outros que com certeza virão, será usado pelo governo como mais uma desculpa para a nossa crise econômica interna, continuando a buscar no exterior a razão para nossos males que, na verdade, está na sua incompetência e, ressalto mais uma vez, absoluta falta de credibilidade.
Na era da comunicação digital, não existe mais ninguém que se deixe iludir por mentiras. Alguns, fingem acreditar, por receberem um benefício direto através de algum programa social, mas apenas fingem. Afinal, quem poderia ser tão ingênuo a ponto de acreditar que ninguém sabia de nada sobre a corrupção generalizada que assolou a República na última década? Nem mesmo aquele famoso personagem de Voltaire...