Evolução literária

Publicado em 22/08/2015

Alguém que lê apenas jornais ou, quando muito, livros de autores contemporâneos parece, para mim, uma pessoa míope que despreza os óculos. Fica completamente dependente dos preconceitos e modas da sua época, pois nunca consegue ver ou escutar além. E aquilo que as pessoas pensam por conta própria, sem o estímulo e a experiência de outras pessoas é, na melhor das hipóteses, medíocre e monótono. Em cada século aparecem apenas uns poucos possuidores de uma mente lúcida, estilo e bom gosto. O que foi preservado de seus trabalhos constitui o que de mais precioso a humanidade possui. Foi graças à obra dos escritores da antiguidade que os povos da Idade Média conseguiram livrar-se da ignorância e superstições que obscureceram a vida por mais de meio milênio. Não há nada mais necessário que isso para sobrepujar o modernismo esnobe.

(Albert Einstein, opinando sobre Literatura Clássica, em 1952 — Ideas and Opinions by Albert Einstein, Crown Publishers Inc., fevereiro de 1960)

Entre cerca de sete e quatro séculos antes da Era Comum, como se costuma dizer agora nos estados laicos, em substituição ao Anno Domini de outrora, ocorreu na Grécia uma verdadeira explosão no pensamento filosófico, que viria influenciar toda a filosofia ocidental até os dias atuais. Nomes bem conhecidos como Heráclito, Pitágoras e Tales de Mileto, figuram entre os de muitos outros grandes sábios. Já no final desse período áureo, toda a filosofia grega foi, por assim dizer, sintetizada nos escritos e estudos de Sócrates, Platão e Aristóteles, considerados os fundadores da filosofia ocidental.

Atualmente, quando se fala em Filosofia, a maioria das pessoas costuma torcer o nariz, julgando tratar-se de assunto inóspito e inútil. No seu livro "Convite à Filosofia", Marilena Chauí conta que os alunos de Ciências Exatas costumavam, jocosamente, definir filosofia como "a ciência com a qual e sem a qual, o mundo seria tal e qual", o que parece confirmar essa aversão.

Antigamente, as pessoas dominavam poucos assuntos, mas mais profundamente. Hoje em dia, com Internet, Wikipedia e Google, todos sabem de muita coisa, superficialmente. Estamos nos tornando especialistas em generalidades.

Releiam o pensamento de Einstein que reproduzi acima. Vocês não concordam, como eu, que os antigos clássicos podem nos ajudar nesta época materialista e individualista em que vivemos, tal como ajudaram os povos da Idade Média?

Gostaria, então, de propor a substituição da inútil propaganda partidária nos horários nobres de TV por programas educativos contemplando este tema, produzidos de forma a traduzir os clássicos num linguajar bem simples, para serem compreendidos mesmo por aqueles mais humildes, que não tenham tido acesso à educação formal. Coisa para fazer a gente acreditar que vive realmente numa "Pátria Educadora".

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