Educação

Publicado em 17/01/2016

Quando ocupei a função de Inspetor-Chefe do Aeroporto Internacional de Guarulhos, integrei um grupo que, entre 2007 e 2008, trabalhou num projeto denominado Programa de Modernização da Aduana do Brasil - PMAB.

Uma das etapas do projeto previa um benchmarking com a Aduna de diversos países cuja situação fosse parecida com a nossa. Fui então escolhido, juntamente com outro colega, que mais tarde viria a coordenar toda a área aduaneira da Receita Federal do Brasil, para uma visita a um daqueles países, no caso, a República da Coreia, mais conhecida aqui por Coreia do Sul.

Vocês devem estar pensando o que um país de primeiro mundo como a Coreia do Sul tem a ver conosco, não é mesmo? Pois bem, pasmem-se: há poucas décadas, estávamos na mesma rua da amargura.

Na minha visita àquela nação, constatei o que todos sabem: houve um investimento maciço na educação do povo. Vi como isso era patente na ocupação de praticamente todos os cargos de chefia no serviço público coreano por gente jovem, abaixo dos 40 anos.

O mais importante, contudo, é que educação aqui deve ser entendida no seu sentido mais amplo, ou seja, não apenas a formação acadêmica, mas, sobretudo, a de caráter, adquirida no seio da família.

Neste aspecto, a educação dos povos asiáticos, em especial coreanos e japoneses, está anos-luz à nossa frente.

A vergonha-na-cara é algo tão cultuado, que não é raro ver altos dignitários acusados de corrupção cometerem suicídio, para escapar da execração pública.

Não é pequena a verba gasta no Brasil com a educação. Por que raios, então, nossa escola pública chegou a esse estado lastimável em que se encontra?

A primeira resposta vamos encontrar exatamente no esfacelamento das famílias, que empurram a tarefa de educar seus filhos para as escolas, cuja função é outra, isto é, cuidar de sua formação para a vida profissional. São jovens sem rumo, sem disciplina, sem firmeza de caráter, que só podem dar errado na escola.

A segunda é a péssima gestão. Desde a forma como o Ministério da Educação é negociado em troca de apoio político ou como encosto para companheiros defenestrados de outras funções, até o corporativismo que tomou conta da classe de professores, preocupados apenas em assegurar sua remuneração. Tudo conspira para o desperdício de recursos preciosos.

Para sair deste estado de favelização em que se encontra, o Brasil precisa de uma revolução. Não podemos ficar restritos apenas a um slogan eleitoreiro de "Pátria Educadora", mas necessitamos urgentemente de um projeto de educação integral para os brasileiros.

Que tal, por exemplo, empregar essa fortuna destinada ao Fundo Partidário para programas educativos no horário nobre da TV aberta? Vejam bem: programas educativos que visem o fortalecimento do núcleo familiar e da educação moral e cívica, ao invés de doutrinação ideológico-partidária.

Que tal a educação obrigatória no sistema penitenciário, priorizando o ensino técnico, para efetivamente recuperar o marginal, ao invés das universidades do crime em que se transformaram nossas prisões.

Enfim, creio que ficou claro o tipo de revolução à qual estou me referindo. Essa é que gostaria de ver sendo encampada nas manifestações populares, no lugar da mesmice de brigar por um "passe-livre", cujos recursos, se implementado, sairiam dos impostos que pagamos, desviados de outras áreas, inclusive saúde e educação.

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