Deboche
Publicado em 15/09/2015
O tema para minha crônica de hoje foi inspirado num comentário estarrecido do meu amigo Arnaldo, depois de assistir ao pronunciamento dos nossos ilustres ministros da Fazenda e do Planejamento, anunciando as contramedidas do governo em resposta à retirada do Brasil do rol de países confiáveis para investidores estrangeiros, pela agência Standard & Poor’s.
Foi de estarrecer mesmo! Um balbuciante Levi, tentando minimizar os efeitos inflacionários da malfadada CPMF, com uma ingênua ilustração do seu acréscimo numa entrada para o cinema, ao lado de um irônico Barbosa, ressaltando gananciosamente que sua arrecadação seria apenas da União, sem divisão com Estados e Municípios, pois é ela quem arca com a Previdência Social, em cujo nome seria instituída a cobrança.
Nada menos do que dois terços do superavit esperado adviriam do aumento de impostos que, num cenário recessivo como o atualmente atravessado pela nossa economia, só iria agravar o quadro.
Vejamos agora o lado dos cortes, que atingiriam a marca dos 26 bilhões de reais. Outra derrama de medidas completamente estapafúrdias, que nem raspam na gordura.
O primeiros atingidos serão os servidores públicos, que ficarão sem aumento de salário por mais um ano, perda que será ainda maior considerando os efeitos deletérios da inflação que ora galopa sem controle.
Num primeiro momento, o restante da população, principalmente os mais desvalidos, que integram o grosso do eleitorado dos governos populistas, podem até aplaudir, achando que o governo estaria dando o exemplo e cortando na própria carne. Ledo engano!
Se os cortes anunciados forem de fato implementados, haverá uma piora significativa na prestação do serviço público, em todas as áreas, com prejuízo geral, mas principalmente para os mais necessitados deles. Veja-se, por exemplo, o que já está ocorrendo com a longa greve da Previdência Social, agora com a adesão dos médicos peritos.
Além da insatisfação gerada pela perda salarial, haverá redução no quadro de servidores, em virtude da suspensão dos concursos públicos por um lado, e do estímulo às aposentadorias pela extinção do “abono permanência”, por outro.
Relativamente ao corte nas funções gratificadas, ao invés de eliminar os milhares de “aspones" apadrinhados, optou-se por um corte linear em todas as gratificações, o que irá apenas causar desestímulo aos ocupantes dessas funções, que efetivamente se desdobram para exercer uma gerência eficiente.
Perceberam como todas essas medidas irão deteriorar o que resta do Serviço Público?!
Os outros cortes anunciados, todos eles, sem exceção, repassam a conta do rombo para a sociedade. São cortes de investimentos em todas as áreas, inclusive a social e, pasmem, até no agronegócio, o único setor que ainda segura nossa combalida economia.
O corte de ministérios… bem, isso ficou apenas na promessa, ainda dependendo de estudos, cuja conclusão só Deus sabe quando e se ocorrerá. Caso ocorra, podem contar que serão mudanças pífias e inócuas.
Estamos vivendo dias de um governo em estado terminal. Ele não se importa mais com os efeitos colaterais dos remédios, ainda que possam matar o doente.
Que Deus nos ajude!