Corrupção
Publicado em 11/02/2016
O que leva a pessoa a se corromper é matéria de muita controvérsia. Caráter, oportunidade? Teríamos todos no nosso DNA o gene da corrupção? O assunto adentra pelo campo da moral e da ética e comporta ainda muito estudo e reflexão.
Se a origem pode causar polêmica, as consequências não devem surpreender, mas às vezes surpreendem. Ver um figurão "pego com a mão na massa", sempre nos faz pensar como pode ter sido tão descuidado.
Existem duas razões fundamentais. A primeira, é que o dinheiro sempre deixa rastro. Não foi à toa que o fator decisivo no famoso caso Watergate, que levou à renúncia de Nixon para não sofrer a condenação mais que certa num processo de impeachment, foi o famoso conselho de "garganta profunda" aos repórteres que investigavam o incidente: follow the money, isto é: "sigam o dinheiro".
A segunda razão, é a crença na impunidade. Quanto mais poder detém o indivíduo, maior se instala nele essa crença. É natural do ser humano buscar ter poder, seja sobre sua própria vida, seja sobre a dos outros.
Políticos, em especial, logo descobrem que dinheiro dá poder e, na sua busca desenfreada por mais poder, acabam buscando também mais dinheiro. Dizia Lorde John Acton, um historiador liberal inglês do século XIX, que "o poder tende a corromper; o poder absoluto corrompe de maneira absoluta".
Fiz a citação na sua forma correta, ao invés da mais corriqueira: "o poder corrompe, portanto, o poder absoluto corrompe de maneira absoluta". Observem a sutil diferença: não é que o poder sempre corrompe, mas que tem uma tendência a corromper.
No meu tempo de criança, em Cruzeiro, vez por outra apareciam na cidade missionários católicos. Certa vez, vieram as Missões de Nossa Senhora de Fátima e, no seu encerramento, foi celebrada uma grande missa campal, em frente à igreja matriz.
Eu estava no meio da multidão que aguardava a chegada da procissão para o início da missa. Nisso, um frade subiu ao púlpito e, quando a procissão despontou na praça, bradou com uma voz assustadora: "Maldito dinheiro!".
Criou-se uma enorme expectativa diante daquele pavoroso brado. Impassível, o frade repetiu: "Maldito dinheiro!", e uma terceira vez: "Maldito dinheiro!"... e continuou: "Três vezes maldito! Eis aí, meus irmãos, a paga da traição."