Brevidade
Publicado em 21/12/2015
Folheando os livros de história, observamos que era comum adicionar ao nome dos soberanos de antanho um adjetivo que realçasse alguma característica marcante da personagem.
Alguns eram bem curiosos, como o atribuído a Bermudo II de Leão e Galiza, que remonta ao século X das nossas origens ibéricas. Por sofrer de gota, ficou conhecido como "o gotoso". Outros, repetiram-se inúmeras vezes, como o do pai do famoso Carlos Magno, conhecido como Pepino, o breve, em virtude do curto período de seu reinado.
Temos agora mais um: Joaquim Levy, o breve.
Representando uma guinada à direita na "nova matriz econômica" preconizada no primeiro mandato da presidente Dilma, estava na cara que seu reinado seria curto. Na verdade, começou a ser fritado em fogo lento desde o momento em que assumiu o cargo.
Sua receita para tirar o país do buraco em que foi atirado pela "nova matriz" era simples e ortodoxa: cortar gastos para reequilibrar as finanças públicas. A mesma fórmula seguida pelas famílias que precisam ajustar seus gastos às suas receitas para poderem prosperar.
Este modelo, contudo, é ideologicamente incompatível com a gastança que financia o populismo. Jamais teve chance real de ser implantado para valer e Joaquim Levy só foi engolido enquanto seu prestígio pessoal conseguiu acalmar o mercado, esse ente amorfo e desalmado.
Entra em seu lugar Nelson Barbosa, bem conhecido porque junto com Guido Mantega foi um dos artífices da "nova matriz" que nos levou para o brejo. Há grande chance de terminar o trabalho que começou, e atolarmos de vez numa grande depressão econômica.
A agitação do mercado e o aumento do dólar no dia de sua posse, parece indicar que Barbosa também receberá seu epíteto: o brevíssimo.