Barbárie

Publicado em 25/08/2015

Não é a primeira vez que saques e destruição assolam os grandes berços de civilização da humanidade no Oriente Médio, mas é de estarrecer que isso continue a ocorrer em pleno século XXI.

Hoje, mais um monumento arqueológico de valor inestimável foi destruído em Palmira, na Síria: o templo de Baalshamin, construído pelos romanos no primeiro século de nossa Era, ou seja, há quase dois milênios.

Essa destruição estúpida, ocorreu pouco depois da notícia da decapitação de um arqueólogo de 81 anos, ex-diretor do museu de Palmira, por haver se recusado a revelar onde havia enterrado outros tesouros históricos da região, para salvá-los da destruição e pilhagem.

Imaginemos que pudéssemos colocar numa hipotética máquina do tempo uma equipe de um desses institutos de pesquisa de opinião e os enviássemos apenas dois séculos atrás, para o dia 24 de agosto de 1815, com a missão de fazer uma enquete sobre qual das seguintes proezas seria alcançada em 2015:

  1. Uma sonda automatizada alcançaria um planeta ainda não descoberto, a mais de 1 bilhão de quilômetros de distância e enviaria imagens de alta resolução que poderiam ser vistas por qualquer um, em qualquer lugar do mundo, em dispositivos do tamanho de uma carteira de bolso (v. New Horizons).
  2. O homem conseguiria finalmente acabar com as guerras, a fome e a miséria na Terra.

Eu não tenho nenhuma dúvida de que nossos antepassados escolheriam a segunda alternativa, considerando a primeira delas completamente absurda.

Pois aqui estamos: conseguimos realizar façanhas tecnológicas que não podiam ser sequer imaginadas apenas um par de séculos atrás, mas não conseguimos debelar a barbárie que reinava há dois milênios ou mais.

O pior, é que a motivação desses crimes não difere em nada dos latrocínios que povoam nosso dia-a-dia e as manchetes dos programas policiais sensacionalistas: a ganância pela apropriação de bens materiais. Aqui a desculpa é a baixa condição social e as drogas; lá, o fanatismo religioso. Mas o fato é que a verdadeira motivação está apenas no vil metal.

Sem falar no repugnante genocídio que temos assistido há anos. Atrocidades só comparáveis aos crimes nazistas perpetrados na última grande guerra, que só foi última e grande no nome, pois nunca acabou.

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